domingo, 24 de fevereiro de 2013

EDUCAÇÃO LITERÁRIA COMO DIREITO DE CRIANÇAS E JOVENS.

Profa. Joseane Maia Santos Silva



 Doutora em Letras (USP) e Professora Adjunto do Centro de Estudos Superiores de Caxias-UEMA e da Rede Estadual de Ensino.

1-A FORÇA DA PALAVRA NA LITERATURA
Ultimamente a idéia de escrever sobre educação literária tem sido recorrente. Sempre que leio uma obra poética ou ficcional cujo jogo expressivo com a linguagem me leva a pensar sobre a vida, a lembrar de fatos vividos ou somente me faz sentir um profundo prazer em apreciá-la, reflito, não sem uma grata alegria, que isso somente foi possível por causa da Literatura.  
Esse pensamento metaliterário tornou-se fortemente consciente quando li o romance A Última Quimera, da premiada escritora cearense Ana Miranda, livro presenteado pela própria, quando esteve em Caxias, para participar do encontro do PROLER, em 2008. Eis o trecho, lido mais de uma vez, que comprovou o quanto pode o efeito estético da linguagem literária: “Subo os degraus da entrada, atrás de Esther. Há uma vassoura encostada num canto. Uma poeira dourada flutua dentro da casa, iluminada pelos raios de sol matinal que entram pela janela[1].
Por que uma descrição tão simples teve tamanha repercussão na minha condição de leitora a ponto de suscitar a escritura desse texto? É que a cena me reportou a um dado momento da minha infância, com minha mãe varrendo e provocando a mesma imagem, maravilhosa, impressionante, porém, indescritível, pelo menos para mim que não sou poeta. Guardada na memória, a cena me foi resgatada pela força da palavra organizada de uma maneira tal que a comunicabilidade foi instantânea, despertando especial significado. De uma visão fragmentada, vaga, até pela distância do tempo, esse fato passou a uma dimensão integrada ao meu mundo vivido, numa teia de relações familiares, fortemente marcadas pela presença materna na minha vida toda.


[1] MIRANDA, Ana. A Última Quimera. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 245.

Guardiães da Leitura de volta!

Dia 20 de fevereiro, quarta-feira, tivemos nosso primeiro encontro de 2013, com a presença de dezesseis integrantes do projeto. Após a leitura do texto Se eu fosse você, de Ana Maria Machado (Revista Carta Fundamental), apresentamos o plano de trabalho, checamos horários e selamos, novamente, o compromisso de formar leitores nas bibliotecas da rede pública estadual de Caxias-MA. Boas leituras!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A sagacidade na literatura de Stella Maris Rezende: uma questão de estilo e arte*


Aqui em Minas a gente tem essa herança do segredo, do silêncio e do mistério.
                              (Stella Maris Rezende, A filha da vendedora de Crisântemos, p. 104)

Volto-me neste espaço ensaístico a particularidades estéticas que estão no cerne da singularidade da literatura de Stella Maris Rezende. Retomo o qualificativo “stellar”, com que defini o seu estilo no texto de orelha de A sobrinha do poeta (2012), aplicando-o agora genericamente ao conjunto de obras da autora, cuja escritura brilha pelo que oculta, como convém à literatura, de natureza diversa da ciência, que se detém em uma fatia da realidade. Como distingue Roland Barthes, a literatura é “o próprio fulgor do real”, “assume muitos saberes”, e lhes dá “um lugar indireto, e esse indireto é precioso”, porque são “saberes possíveis – insuspeitos, irrealizados.” (BARTHES, 1980, p. 18). No estilo stellar o fulgor do real emana da sagacidade, que realiza muito bem os requisitos da especificidade da literatura.